Osasco participa da Jornada Paulista de Dança

 Osasco participa da Jornada Paulista de Dança
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Os grupos e companhias participantes viverão uma semana de atividades, a partir de 7 de julho, que culminarão em apresentações abertas ao público na Sala CCR das Artes

Com início no dia 7 de julho, a Jornada Paulista de Dança traz dez propostas artísticas para uma residência de criação e compartilhamento de conhecimento na Escola de Dança de São Paulo (SPED), instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativa do Estado de São Paulo, com gestão da Associação Pró-Dança. As atividades serão realizadas no período, pelos grupos selecionados. Entre eles está a Reflexa Coletiva, de Osasco. A cooperativa da Jornada Paulista de Dança é de Jussara Muller e a direção artística e educacional de Inês Bogéa.
A Reflexa Coletiva surgiu para a produção do trabalho de conclusão de curso de bacharelado em dança da Unicamp (2024). As tomadas de decisões da companhia, sempre coletivas, desde a ideia inicial de uma criação à produção de um espetáculo, são fortalecidas sempre pelas trajetórias, técnicas, imaginários e vontades diferentes. A primeira obra, “Estudos para Aproximar o Sonho ao Chão”, brotou de um ano de pesquisa sobre criação em dança. Com referenciais visuais e teóricos que refletem sobre o fazer da dança e imaginários coletivos, o espetáculo foi levado pela oposição entre o chão e o sonho, que atravessam a dança e a realidade íntima de ser em coletivo. A criação desse espetáculo conta com a orientação de Angela Nolf e a colaboração artística de Maria Basulto, Patrícia Noronha e Clarice Lima e é apresentada no Departamento de Artes Corporais da Unicamp (2024).
A Jornada Paulista de Dança terá espetáculos abertos ao público nos dias 10, 11 e 12 de julho, na Estação CCR das Artes, localizada no Complexo Júlio Prestes. Será o momento de mostrar o resultado dos ensaios realizados em conjunto com artistas mediadores. Para assistir aos espetáculos, basta chegar uma hora antes das apresentações para garantir o ingresso.

A Reflexa Coletiva será apresentada no sábado, 12/07.

“Participar da Jornada Paulista de Dança é uma oportunidade incrível para nós, enquanto coletivo. Somos recém-formados em bacharelado em Dança na Unicamp e estamos buscando nos inserir no cenário da dança profissional. O projeto nos é interessante justamente pelo complemento entre nossos saberes artísticos acadêmicos e os saberes artísticos da prática profissional da cena de São Paulo”, explica Júlia Panizza, diretora artística da Reflexa Coletiva.
Foram selecionados dez grupos e companhias de dança do Estado de São Paulo para essa vivência artística no SPED, que patrocinam uma bolsa de R$ 10 mil e auxílios de permanência e transporte conforme a distância da capital. Os participantes compartilharão processos criativos, aulas e mesas redondas na sede da São Paulo Escola de Dança em uma programação intensa. Os selecionados são: Cia. Avant Scène, de Sorocaba; Cia. Socleson Dantas, de Jundiaí; Cia. Raça Experimental, de São Paulo; Cia. de Dança de São José dos Campos; Corpo de Baile de Caraguatatuba; Grupo Independente de Dança Claudia Pereira, de Campinas; Núcleo Estopim, de São Paulo; Núcleo Experimental de Dança Teatro, de São José dos Campos; Centro Ogawa Butoh, de São Simão; e Reflexa Coletiva, de Osasco.

O que é a Jornada Paulista de Dança?

A Jornada Paulista de Dança é uma iniciativa do Governo do Estado de São Paulo que celebra a diversidade e a riqueza artística da cena paulista. O projeto nasce do desejo de criar um espaço de encontro e troca entre os artistas e entusiastas da dança, fortalecendo a comunidade artística e promovendo um aprendizado conjunto.
Em sua segunda edição, a Jornada tem como sede permanente a Escola de Dança de São Paulo, recebeu grupos de todo o estado para uma semana de atividades intensas com workshops, mesas de conversas, apresentações e processos criativos, explorando um leque variado de estilos e tradições da dança.
Os grupos foram selecionados por meio de edital, por uma banca composta por pessoas referenciadas no meio da dança, em processo transparente, totalmente divulgado no site do SPED e nas redes sociais.
“Esta jornada é uma celebração da arte da linguagem artística como meio de expressão pessoal e ferramenta de transformação social. As atividades programadas, abertas ao público de quinta no sábado, são uma oportunidade para a democratização da dança. Todos os eventos e atividades são 100% gratuitos, reafirmando nosso compromisso com o acesso à cultura e à educação”, ressalta Inês Bogéa, diretora artística e educacional da Escola de Dança de São Paulo.

Programação dos espetáculos

07/10 – Quinta-feira, das 19h às 20h30
“ Cenas Etéreas” – Cia. Raça Experimental
O trabalho parte da coexistência de várias histórias e sensações que habitam a mesma mente, criando um cenário atípico, onde as cenas da infância se misturam com a trama e o avanço do atraso, que pode ser relacionado à falta de algo e/ou alguém, evoluindo assim – de uma forma poética – essas movimentações em registros e tentativas de cura. Digamos que, ao mesmo tempo que tentamos organizar nossa casa e colocamos em pé uma cadeira, acabamos derrubando algo pelo caminho como movimento de troca, criando assim dentro de nós uma dança poeticamente caótica que remete quase a um divertimento infantil.

“ Cria” – Grupo Independente de Dança Cláudia Pereira

Por meio do movimento, a obra propõe uma jornada visceral e sensorial, retratando a trajetória evolutiva da vida e a transformação dos organismos, desde os primeiros seres até as formas mais complexas. “Cria” questiona o que significa estar respirando e o papel da evolução na construção do corpo e da identidade, buscando refletir sobre o quão importante é a nossa história, de como tudo o que foi feito, criado e deixado contribuições para o que temos e somos hoje.

Memórias de um Contorno – Corpo de Baile de Caraguatatuba

A partir de observações fotográficas sobre a construção da Rodovia dos Tamoios e da Estrada do Contorno e de diálogos sobre como uma obra pode impactar a vida das pessoas, o balé desenvolveu sua pesquisa. A pergunta feita foi: Como as transformações externas afetam o comportamento individual e coletivo das pessoas no entorno? Memórias de um Contorno retrata uma transformação de um espaço urbano, como isso afetou o ambiente e os seres que ali viveram. Mas também é sobre como uma transformação urbana pode transformar os seres humanos, colocando-nos conscientes disso ou não.

07/11 – Sexta-feira, das 19h às 20h30

Contradição de Ser Afeto – Núcleo Estopim
Em “Contradição de Ser Afeto”, os intérpretes mergulharam nas complexidades da experiência de homens cis, pretos e periféricos, revelando a dualidade entre a opressão vívida e a violência que, muitas vezes, se reproduzimos. Em um contexto marcado por agressões, abusos e pressões emocionais que nos cercam, surgem questões cruciais: como lidamos com essa carga? Quem se importa com nosso bem-estar e o das crianças em nossas comunidades? Através deste trabalho cênico, os artistas exploram a ambiguidade de corpos que, embora suportados pela dor, anseiam por acolhimento.

Dançam as Palavras – Núcleo Experimental de Dança Teatro de São José dos Campos – NEXDT SJC (música ao vivo)

Dançam as Palavras é um diálogo entre a música, a poesia, a dança, o teatro e a performance. Essa fusão artística causa estranhamento e aproximação, como no mundo contemporâneo de identidades mescladas, mestiças e híbridas. No processo criativo, lançamos a narrar e transcrever na carne do corpo poético dos intérpretes-criadores as palavras colecionadas – poemas – do poeta Moraes. O que nos move? Essas Palavras do Poeta, as sonoridades e músicas interpretadas pelos
músicos que reverberam nos corpos presentes, ativos e vivos dos intérpretes criadores, nutrindo-os e mudando-os, possibilitando afetar, nutrir e transformar algo, bem lá no bloco em quem vê, assiste, ouve, sente e participa.

“ Fronteiras do Corpo” | “Samba que Habita” – Cia. Socleson Dantas (música ao vivo)

As duas obras autorais dialogam entre si ao explorarem as potências expressivas do flamenco e do samba no pé, destacando suas origens, convergências e atualizações cênicas. A primeira obra, traz à cena a força do flamenco com uso do Manton e das castanholas como extensões do corpo, elementos que acentuam a expressividade e a musicalidade da dança. A segunda obra, um solo, parte do samba no pé, linguagem nascida nos terreiros e ruas do Brasil, de raízes afro-brasileiras, que carrega em si a ancestralidade, o improviso, a festa e a luta. Ambas, apesar de origens geográficas distintas, nascem de contextos de resistência e afirmação cultural, onde o corpo é veículo de identidade e emoção coletiva.

07/12 – Sábado, das 19h às 20h30

“ Homenagem ao Sr. O” (Para Kazuo Ohno 1906-2010) – Ogawa Butoh Center
O espetáculo diz respeito ao universo coreográfico de Kazuo Ohno. O título é uma referência às três obras cinematográficas do Mestre falecido em 1º de junho de 2010. São elas: “The Portrait of Mr.O” (1969), “Mandala of Mr.O” (1971) e “Mr.0’s Book of the Dead” (1973), dirigidos por Chiaki Nagano. O espetáculo traz réplicas de elementos cênicos, adereços e figurinos que foram usados por Ohno em suas obras: dos espetáculos “My Mother” (1981), “The Dead Sea” (1985), “Admiring La Argentina” (1977) e outras performances. A coreografia evoca o mesmo universo, mostra a admiração do aluno pelo seu mestre e o vazio que o mesmo deixou com a
sua partida. Mas acima de tudo é uma grande declaração de amor.

“ Estudos para aproximar o sonho ao chão” – Reflexa Coletiva

“Estudos para aproximar o sonho ao chão” é uma criação sobre dança e em dança onde quatro dançarinas exploram suas histórias de corpo e imaginários, tanto indivíduos quanto coletivos. Em cena diante de improvisações previamente estruturadas, elas experimentam uma dramaturgia sem a lógica de início, meio e fim, permitindo que o sonho se torne uma realidade compartilhada. São corpos que, ao dançarem juntos, transcendem o fim iminente e cultivam novos começos, tendo um espaço-tempo coletivo em que uma parte de cada dançarina atravessa e conecta todas as outras.

“ UNO” – Cia. Cena Avant

Em UNO, corpos em transe exploram o conflito entre o individual e o coletivo, mergulhando nas camadas do inconsciente, onde pensamentos, culpas e julgamentos se agitam sob uma pele social. O movimento nasce da ruptura: uma face mundana é arrancada, revelando a dualidade entre a máscara pública e o eu oculto. Os intérpretes vacilam entre a máscara e o instinto, entre a dúvida humana e a certeza visceral.

Samba e Amor – Companhia de Dança de São José dos Campos

Em meio à repressão da ditadura militar, Chico Buarque escreve “Samba e Amor”. Com uma leveza, subversiva, pensa-se no direito ao descanso, à ternura e ao tempo desacelerado. Esse gesto político traduz a letra em corpo, atravessando estados de exaustão, geração e colapso, questionando a lógica produtivista que esvazia o sensível. A trilha sonora de Ed Côrtes costura trechos da canção original a uma composição contemporânea que evoca o samba como resistência.

Jornada Paulista de Dança – Edição 2024

A primeira edição do evento aconteceu em julho de 2024 na Escola de Dança de São Paulo, marcando a trajetória de diretores, coreógrafos e bailarinos. Com caráter formador e educativo, a primeira Jornada Paulista de Dança contou com oficinas, vivências criativas e mesas de discussão, que abordaram assuntos como sustentabilidade na dança, comunicação e mídia para os participantes.
Um dos pontos importantes da programação foi a apresentação das performances ao público, uma oportunidade de oferecer às pessoas, na Capital, o melhor da dança contemporânea do Estado. As apresentações incluíram diversas percepções estéticas e montagens que levaram a espetáculos de luz, cor e narrativas estimulantes com entrada gratuita para a população.
Um marco para o calendário paulistano durante o mês de férias, a Jornada Paulista de Dança movimenta o mercado criativo, como destaca Inês Bogéa, diretora artística e educacional da Escola de Dança de São Paulo. “A Jornada abre caminhos para reflexões sobre a dança, com diálogos e troca de vivências, é uma oportunidade ímpar na vida desses artistas, tanto que algumas companhias participaram este ano com novos trabalhos. Neste espaço de partilha e aprendizagem, vamos encher a nossa cidade de arte”, completa Inês.

SERVIÇO – Apresentações: 10 a 12 de julho

Horário: 19h
Local: Estação CCR das Artes – Complexo Cultural Júlio Prestes, 16, Campos Elíseos, São Paulo/SP
Entradas distribuídas uma hora antes dos espetáculos

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