Frente parlamentar de Combate às Mudanças Climáticas é lançada na Alesp

 Frente parlamentar de Combate às Mudanças Climáticas é lançada na Alesp

Fotos: Rodrigo Costa

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Evento reuniu estudiosos e representantes de diversos setores interessados para enfatizar urgência do tema

 

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A Frente Parlamentar de Combate às Mudanças Climáticas foi lançada, nesta segunda-feira (29), na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Coordenado pelo deputado Guilherme Cortez (PSOL), o grupo suprapartidário irá discutir políticas públicas para frear e diminuir impactos das mudanças climáticas que ocorrem no Estado, no Brasil e no e no mundo.

Para Cortez, o tema é urgente e pede que todos os 94 parlamentares da Casa estejam engajados nessa pauta. “De acordo com a ciência, não há ameaça maior para o nosso futuro que a crise climática e que já é uma realidade, como vimos em Araraquara e em São Sebastião. A ciência ainda tem alertado a gente que, se medidas concretas e urgentes não forem tomadas, nós vamos conviver, cada vez mais, com eventos devastadores por conta das mudanças do clima”, afirmou o parlamentar.

Mari Souza, codeputada da Bancada Feminista e que dividirá a coordenação da Frente Parlamentar com o colega de partido, enfatizou que irão reunir, além de parlamentares, a sociedade civil, movimentos sociais e ativistas para compor uma grande frente para discutir, dentro e fora da Alesp, as estratégias para reverter o cenário climático.

“Nosso papel, como mandato coletivo que ocupa uma cadeira legisladora aqui nessa Casa, é trazer esse assunto à tona e trabalhar com o diálogo com os movimentos que estão na linha de frente dessa luta há tanto tempo”, disse a coparlamentar.

Além dos coordenadores, também marcaram presença o ambientalista Rubens Born; a catadora de recicláveis e presidente da Cooperativa de Catadores Seletivos do Parque Cocaia, Valquíria Candido; David Zamory, membro da direção estadual do MST; Vivian Delfino Motta, doutoranda em ciências sociais na Unicamp; Sérgio Portela, doutor em Território, Riscos e Políticas Públicas pela Universidade de Coimbra; Amanda Costa, ativista climática; Luiz Marques, docente aposentado e colaborador do departamento de história da Unicamp; Maria Arapotã, cacique das aldeias da Terra Indígena Jaraguá; além de Sonia Ara Mirim e Tamikuã Txihi, que também vivem na TI Jaraguá.

Apesar de não comporem o quadro de membros efetivos, Monica Seixas do Movimento Pretas (PSOL) e Paulo Fiorilo (PT) compareceram ao evento. Quem dividirá o espaço de trabalho do grupo com Cortez e a Bancada Feminista serão os parlamentares Donato (PT) e Marina Helou (Rede).

Povos indígenas

Em uma semana com discussões sobre a demarcação de terras indígenas em Brasília, o assunto também permeou o lançamento da frente. Representantes indígenas enfatizaram que estão no centro da problemática pela relação que possuem com a natureza. Sonia Ara Mirim falou sobre a importância da Mata Atlântica, bioma no qual ela vive, e os impactos que os ataques direcionados a ela têm nas vidas de todos.

“Nós, os povos indígenas, somos quem está dentro dos nossos biomas. Então, quando se fala de emergência climática, falamos das nossas vidas. A Mata Atlântica está sendo visada, por dinheiro, por lucro, e temos que preservá-la, porque a cada árvore tombada é uma vida de vocês a menos”, disse Ara Mirim.

Mari Souza também destacou a importância do papel desta população nas discussões que o grupo irá travar em seus trabalhos. Ela salientou que, desde 1500, os indígenas lutam pela preservação do meio ambiente e não podem ser deixados de fora desta frente.

Maria Arapotã relembrou, em sua fala, da relação que os povos tradicionais possuem com o meio ambiente. Para eles, o valor da terra é inestimável e, por isso, a defendem com veemência. “A natureza é vida. O nosso espírito está na natureza. A gente não troca nossa natureza por nada, não tem valor, nem preço. Cada ser vivo que está na Mata Atlântica é a nossa vida e nossa saúde” disse a cacique.

Terra e agronegócio

Outro tema levantado durante o lançamento e que deve pautar debates dentro do grupo é sobre a poluição do solo e a forma de produção de alimentos. Segundo David Zamory, o agronegócio, principal matriz produtiva do Brasil, é extremamente nocivo para o meio ambiente, derrubando árvores e poluindo solos e águas.

“A matriz que nós defendemos, que é a agroecologia, vai no caminho oposto. É uma produção de alimentos com respeito ao meio ambiente, que impacta menos no clima e nos alimentos que chegam ao consumidor”, disse o representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

Luiz Marques defendeu que a sociedade precisa abandonar o sistema globalizado de produção, que produz em larga escala e tem foco exacerbado em proteínas animais. “Nós temos que migrar para uma dieta baseada em nutrientes vegetais. A cada bife que as pessoas põem no prato, elas estão ajudando a desmatar a Amazônia e isso vai acelerar o aquecimento global”, afirmou o professor.

Ações

Guilherme Cortez detalhou que os trabalhos do grupo terão dois grandes núcleos: políticas públicas de mitigação e de adaptação. As primeiras têm o papel de frear as mudanças climáticas que já estão em curso. Já as segundas, servem para reduzir os danos causados por tragédias em decorrência do clima.

“Isso vai tanto de a gente mudar nossa forma de uso do solo, expandir unidades de conservação, investir em agroecologia, zerar o desmatamento aqui no Estado, mas, também, criar medidas para prevenir eventos que venham a acontecer por conta das mudanças climáticas, como investir em habitações e cidades resilientes a esse tipo de fenômeno”, explicou o parlamentar.

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