Dia de finados: tradição pagã resignificada na igreja católica

 Dia de finados: tradição pagã resignificada na igreja católica

G1

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O Dia de Finados, celebrado anualmente em 2 de novembro, transformou-se em uma tradição profundamente enraizada na Igreja Católica. Em 2025, a data coincide com um domingo, um dia dedicado à memória e homenagem àqueles que já faleceram.

A origem da celebração remonta a práticas pagãs ancestrais, que foram gradualmente incorporadas e ressignificadas no contexto cristão, com um enfoque nas orações pelos falecidos. Segundo o padre Kléber Silva, de Tremembé (SP), as comunidades cristãs, buscando responder às celebrações pagãs, começaram a organizar seus próprios rituais, centrados na perspectiva da ressurreição.

Já no século II, há registros de que essas comemorações incluíam orações pelos mortos, prática que logo se associou à celebração da missa.

De acordo com o pároco Kleber Silva, o arcebispo Isidoro de Sevilha, em tempos idos, instruiu seus monges a oferecerem a missa pelas almas dos defuntos no dia seguinte ao Domingo de Pentecostes. No século IX, o abade Eigil de Fulda determinou que, no dia 17 de dezembro, aniversário de morte do fundador do mosteiro de Fulda, Santo Estúrmio, se fizesse memória de todos os fiéis defuntos, através da missa, da salmodia e da oração.

No entanto, foi somente em 998 que o abade Odilão de Cluny decretou que todos os mosteiros sob sua jurisdição realizassem a comemoração festiva de todos os fiéis defuntos no dia 2 de novembro. A prática, contudo, só se popularizou na Itália e, particularmente em Roma, no século XIII.

Na data, a liturgia da Palavra e as orações concentram-se no Mistério Pascal e na súplica para que seja concedida aos mortos a graça de participar para sempre nesse mistério, que é a vida eterna na qual os cristãos creem.

O Santuário Nacional de Aparecida enfatiza que o Dia de Finados não deve ser um dia de dor e luto, mas sim um dia de esperança, de fé no amor de Cristo que transcende a morte. O portal A12 do Santuário Nacional explica que a crença cristã reside na vida eterna, vendo a morte como uma mera passagem, e que, na casa do Pai, há muitas moradas preparadas.

Dom Antonio Carlos Rossi Keller, bispo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ressalta que a oração do Credo professa a “comunhão dos santos”, englobando aqueles que já estão na glória, os que se purificam e os que peregrinam na terra, todos unidos como um só Corpo em Cristo. Oferecer a Eucaristia pelos falecidos, segundo ele, é permitir que os irmãos falecidos participem da obra redentora de Jesus, que desceu à mansão dos mortos para que ninguém fosse abandonado na morte. A morte não rompe o vínculo que une a Igreja de Cristo, apenas o transforma. Por isso, os gestos como rezar, acender velas e visitar túmulos, são manifestações de que os falecidos continuam a fazer parte da família.

A CNBB convida os católicos a realizar três gestos significativos no Dia de Finados: visitar o cemitério para rezar junto ao túmulo, professando a fé na ressurreição do corpo; oferecer missas, pedindo a salvação e orando pelos que mais necessitam de misericórdia; e viver a caridade, perdoando, reconciliando famílias e partilhando com os pobres.

Fonte: g1.globo.com

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