Gestantes de áreas vulneráveis enfrentam maior risco de natimortalidade
Rio sob fogo: operação policial deixa dezenas de mortos e revolta em favelas
© Fernando Frazão/Agência Brasil
O Rio de Janeiro enfrentou um dia de caos e violência após o início de uma grande operação policial nos complexos do Alemão e da Penha. A ação, que mobilizou 2,5 mil policiais civis e militares, tinha como objetivo realizar prisões e conter o avanço da facção criminosa Comando Vermelho, segundo o governo estadual.
A operação provocou barricadas e incêndios em diversas ruas, bloqueando vias e impactando o funcionamento de transportes, escolas, universidades e unidades de saúde. Moradores relataram momentos de pânico e insegurança.
Movimentos de favelas criticaram a operação, argumentando que ela tem efeitos desiguais nos territórios periféricos. Para o diretor da Iniciativa Direto à Memória e Justiça Racial, o que se vê é uma “guerra dentro de territórios negros e pobres”, com corpos negros algemados e jogados pelas ruas, enquanto a polícia não age da mesma forma em áreas mais ricas.
A operação resultou em um alto número de mortes, com registros de 64 óbitos entre civis e militares, tornando-se a mais letal já realizada no estado. Esse número, no entanto, pode ser ainda maior.
Críticos questionam a importância dada pela mídia ao fato de os mortos serem ou não criminosos, afirmando que a morte de 64 pessoas em uma operação policial deveria causar comoção e sensibilização em todo o mundo.
Também foi criticado o alto orçamento destinado às ações de confronto da polícia, com previsão de R$ 19 bilhões para as polícias no estado em 2026. Questiona-se se esses recursos não deveriam ser utilizados para uma polícia de inteligência e menos confrontos.
Organizações da sociedade civil divulgaram uma nota conjunta criticando a operação, considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro. As entidades afirmam que “segurança pública não se faz com sangue” e que os resultados da operação expõem “o fracasso e a violência estrutural da política de segurança no estado”.
As organizações argumentam que as favelas têm testemunhado uma política de segurança baseada no uso da força e da morte, dirigida contra populações negras e empobrecidas. Elas defendem que a morte não pode ser tratada como política pública.
O governador do Rio de Janeiro defendeu a operação, afirmando que, se necessário, vai exceder os limites e as competências do governo estadual para manter “a nossa missão de servir e proteger nosso povo”. Ele também cobrou mais apoio federal no enfrentamento às organizações criminosas.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br