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Novo pedágio ameaça horticultores e preços em ribeirão preto: impacto na economia local
G1
A implementação de um novo pedágio na Rodovia Abrão Assed (SP-333) está gerando preocupação entre produtores rurais da região de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. A medida, prevista para novembro de 2026, deve impactar diretamente o tradicional comércio de hortaliças, atividade econômica essencial para cidades como Cajuru, onde se concentram mais de 200 agricultores dedicados ao cultivo desses produtos.
Geraldo Rosa de Moraes, produtor rural de Cajuru, viaja para Ribeirão Preto três vezes por semana há mais de três décadas para vender suas hortaliças. Sua banca no bairro Ipiranga se tornou um ponto de referência para os moradores. Ele, como muitos outros agricultores, utiliza a Rodovia Abrão Assed para o escoamento da produção, e o novo pedágio representa um aumento significativo nos custos de transporte.
A Rodovia Abrão Assed, que liga Cajuru a Ribeirão Preto em um trecho de 55 quilômetros, será concedida à iniciativa privada como parte do lote “Rota Mogiana”, com um total de 532 quilômetros. O leilão está previsto para novembro. A concessão, com duração de 30 anos e investimento estimado em R$ 8,2 bilhões, prevê a duplicação da rodovia, a construção de novos retornos e a iluminação de trechos urbanos. Em contrapartida, a concessionária realizará a cobrança de pedágio em dois pontos por meio do sistema “free flow”, eliminando a necessidade de cabines.
A economista Beatriz Selan aponta que a cobrança de pedágio gera um custo adicional para quem precisa se deslocar entre as duas cidades. Atualmente, Geraldo Rosa de Moraes estima gastar cerca de R$ 100 por viagem, valor que certamente aumentará com a nova taxa. “Agora com esse pedágio que estão querendo por aí vai ficar mais caro o custo. A gente já paga IPVA, já paga tudo, agora, mais o pedágio também, vai ficando tudo mais caro”, lamenta o produtor.
Leandro Aparecido da Silva, outro produtor de Cajuru que viaja para Ribeirão Preto de terça a domingo para abastecer supermercados com verduras, compartilha da mesma preocupação. Ele antecipa que o aumento dos custos terá que ser repassado aos consumidores. “O pedágio pode até trazer benefício pra rodovia, mas vai gerar um custo diário, mensal, no comércio em geral. Se a gente for ter que repassar esse custo para o comércio vai gerar perda de venda, então em vez de a pessoa comprar três maços de verdura vai comprar dois”, prevê Silva.
Rotas alternativas foram consideradas, mas a distância e o aumento do consumo de combustível inviabilizam essa opção. O aumento dos gastos com transporte, somado aos custos já existentes, diminuirá a margem de lucro dos produtores, afetando a economia local.
Fonte: g1.globo.com