Porque não “emprestar” seu nome pra cumprir cota de partido

 Porque não “emprestar” seu nome pra cumprir cota de partido
Compartilhe essa matéria

Por Elsa Oliveira

Vereadora e Presidente Municipal do Diretório do Podemos Mulher em Osasco

 

Mais uma vez estamos em ano de eleição e assim começa a corrida para os partidos políticos cumprirem as exigências legais os tornando aptos a disputarem o pleito. Uma dessas leis estabelece o percentual mínimo de 30% de candidaturas femininas nas eleições proporcionais, de modo independente por cada agremiação de uma mesma federação partidária. Na prática, isso quer dizer que os partidos têm que ter, entre seus candidatos, 30% de mulheres.

Como em várias outras áreas majoritariamente masculinas, na política isso não é diferente: há muito mais homens eleitos para os cargos públicos do que mulheres. Nem com a cota de candidaturas femininas conseguimos eleger 30% de parlamentares mulheres, apesar de sermos mais de 50% da população.

Mas por que isso acontece?

Mesmo com o firme compromisso da Justiça Eleitoral e com ações afirmativas que buscam garantir mais mulheres na política, o Tribunal Superior Eleitoral tem julgado diversos casos de candidaturas femininas fictícias com fraudes comprovadas da chamada cota de gênero e isso se dá, principalmente, pelo fato de as siglas não apostarem de verdade na nossa capacidade de gestão, filiando e promovendo candidaturas apenas para o cumprimento da cota e, consequentemente, da lei.

Como resultado, não repassam verbas, não estimulam a formação política feminina, não fazem campanha e, por vezes, escondem essas candidaturas a fim de que essas mulheres nem tenham chance de eleição.

Mas os partidos só conseguem executar essa manobra nefasta porque, apesar dos avanços, ainda há muitas mulheres que não compreendem a importância da política nas nossas vidas e acabam “emprestando” seus nomes para esse tipo de fraude.

É fundamental que os partidos deem todo o apoio necessário, legal e judicial às candidaturas das mulheres para que se possa ter um equilíbrio maior na participação de gênero em todos os segmentos da política nacional. Estudos mostram que ações governamentais que reservam vagas para lideranças femininas influenciam a participação de mulheres na arena pública e levam à implementação de ações e programas alinhados com demandas do eleitorado feminino. Mas essas ações só são construídas e implementadas quando há governantes e legisladores que se importam com isso, e quem se importa mais com a creche, a presença do ginecologista no posto de saúde, a promoção da mulher no mercado de trabalho e outras demandas que dizem respeito a nós, do que nós mesmas, mulheres?

Precisamos compreender duas coisas muito simples pra iniciarmos essa discussão: primeiro é que lugar de mulher é aonde ela quiser, então se você tem interesse pela vida pública, acredite! Por outro lado, se você não tem interesse pela vida pública, precisa compreender que quem é eleito está lá pra melhorar a sua cidade, e isso interfere diretamente na sua vida. Por isso, apenas “não ligar” não é o caminho.

Vote com consciência, mas, sobretudo, neste momento, não “empreste” seu nome para partido algum cumprir cota feminina na eleição. Entenda que se partido A ou B não conseguir se valer dessa manobra, terá, obrigatoriamente, para sobreviver, que investir em campanhas de conscientização da importância da participação feminina na política e assim teremos mulheres realmente comprometidas com suas candidaturas, o que aumentaria, e muito, suas chances de eleição.

É o famoso “nada sobre nós, sem nós”!

0 Reviews

Relacionados