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Jornalismo na era da ia: apuração e ética como pilares essenciais
G1
A Inteligência Artificial (IA) vem remodelando diversos setores, e o jornalismo não é exceção. Redações em todo o mundo estão experimentando a integração dessa tecnologia, mas como ela deve ser utilizada e quais são os perigos inerentes? Um especialista da Universidade de Ribeirão Preto (Unaerp) compartilha suas perspectivas sobre o impacto da IA nas ciências da comunicação.
“A inteligência artificial nos conduz a uma transição tecnológica, que altera o comportamento humano mais rápido do que conseguimos nos preparar”, destaca o coordenador do curso de Jornalismo da Unaerp, Geraldo José Santiago.
De acordo com Santiago, embora existam sistemas de IA capazes de gerar textos de forma autônoma, a apuração e a verificação jornalística continuam sendo cruciais. A ferramenta de IA apenas oferece respostas baseadas em conteúdo já existente na internet. O papel do jornalista é, portanto, checar fatos, consultar fontes confiáveis, contextualizar e interpretar eventos.
Ele salienta que esses sistemas são treinados para reconhecer padrões de linguagem, mas não para garantir a veracidade das informações.
Grandes veículos de comunicação estão adotando diretrizes de transparência, informando quando a IA é utilizada na produção de reportagens, seja na criação de textos, edição de áudios, fotografias ou vídeos. Essa transparência visa reforçar a credibilidade e ajudar o público a entender os limites da IA.
No entanto, Santiago ressalta que essas ferramentas devem ser vistas como complementos, auxiliando na agilidade de certos procedimentos, mas sempre sob a supervisão e revisão humana. “O objetivo é sempre aprimorar, e não substituir, a experiência humana”, afirma.
Um dos principais riscos éticos reside no fato de que a IA não possui senso crítico nem compromisso com valores jornalísticos. Algoritmos podem reproduzir estereótipos, preconceitos e desinformação, uma vez que são treinados com dados históricos que podem conter tais vieses.
Além disso, a IA tem a capacidade de criar conteúdo falso cada vez mais realista, tornando a identificação de desinformação mais difícil, tanto para o público quanto para os próprios verificadores de fatos.
“É inquestionável o fato que a IA transformará para sempre nossa percepção da realidade e, sem dúvida, contribuirá para a manipulação ou reprodução de desinformação. O contraponto é o jornalismo profissional, baseado na verificação de informações, na documentação e checagem de dados”, reforça.
Embora a automação seja um caminho irreversível, é essencial manter a criatividade e a análise crítica no centro do jornalismo, pois nenhuma tecnologia pode replicar ou substituir a capacidade humana.
“Incentivar e valorizar a narrativa autêntica e humana de redatores e repórteres. Apoiar os profissionais e qualificá-los para explorar este novo cenário, em que as máquinas apesar de toda a precisão, são desprovidas de sensibilidade humana, vivência prática e ética profissional”, conclui.
Fonte: g1.globo.com