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Protesto em sp contra pm armada em escola após desenho de orixá
© Rovena Rosa/Agência Brasil
Entidades ligadas à educação, estudantes, pais e professores realizaram um protesto em São Paulo, na última terça-feira, contra a entrada de policiais armados na Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Antônio Bento.
O incidente ocorreu no dia 12 de novembro, quando policiais militares entraram na escola portando armas. A ação foi motivada pelo chamado do pai de uma aluna, também policial, que se queixou de um desenho de um orixá feito pela filha.
A manifestação, que partiu da escola, percorreu as ruas com cartazes que clamavam pelo fim da violência no ambiente escolar. Os manifestantes entoaram frases como “Onde houver intolerância, que haja mais educação”, “Mais amor e mais livros, menos violência” e “Escola não é lugar de polícia”.
O Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (Sinpeem) e o Sindicato dos Trabalhadores nas Unidades de Educação Infantil (Sedin) estiveram entre as organizações que articularam o ato. Durante o protesto, também houve discursos em defesa da ampliação das redes de resistência antirracistas no país e pela eliminação do machismo nas escolas.
Gisele Nery, mãe de uma aluna da Emei Antônio Bento e integrante do conselho da escola, relatou que o pai da criança rasgou o desenho de Iansã feito pela filha antes da chegada dos policiais. Segundo ela, o gesto causou desconforto entre as outras crianças. Nery afirmou que a escola tentou dialogar com o pai, convidando-o a participar da atividade para entender melhor a temática, mas ele ignorou as mensagens.
A conselheira também relatou que os policiais ameaçaram prender a diretora, que é negra. Os conselheiros, que estavam em reunião, presenciaram a cena e defenderam a diretora.
Milena Leite, estudante de Pedagogia, classificou o acontecimento como uma investida “brutal” e inaceitável, tanto no ambiente escolar quanto fora dele. Ela criticou a postura agressiva em relação a deuses africanos, contrastando-a com a aceitação de outras representações religiosas.
O Ministério da Igualdade Racial ressaltou que a atividade de apresentação de orixás está em conformidade com as leis que determinam o ensino da história e cultura africana, afro-brasileira e indígena nas escolas.
A escola informou que não trabalha com doutrina religiosa, mas com um currículo antirracista. A diretora relatou ter sido “coagida” pelos policiais. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que a Polícia Militar abriu uma investigação sobre a conduta da equipe que atendeu à ocorrência. A professora registrou boletim de ocorrência contra o pai da aluna por ameaça. A Secretaria Municipal de Educação afirmou que o pai recebeu esclarecimentos sobre a atividade, que integra o currículo da cidade de São Paulo.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br