Expectativas externas não devem guiar metas pessoais, afirma especialista

 Expectativas externas não devem guiar metas pessoais, afirma especialista

© chrystinabarros/Instagram

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O início de um novo ciclo, com a virada de ano, é tradicionalmente um período marcado pela formulação de metas e resoluções. No entanto, a especialista em saúde e felicidade no trabalho, Chrystina Barros, ressalta que esse movimento deve ser um propulsor de motivação pessoal e não uma fonte de pressão, comparações ou frustrações decorrentes de padrões externos, muitas vezes amplificados pelas redes sociais. A busca por metas realistas e alinhadas à própria jornada é fundamental para evitar expectativas irreais e garantir um percurso mais saudável em direção aos objetivos. A construção de um planejamento autêntico, pautado no autoconhecimento e na disciplina, emerge como o caminho para o bem-estar e a concretização de aspirações genuínas.


A pressão das redes sociais e a distorção da realidade

No cenário contemporâneo, as redes sociais tornaram-se um palco constante para a exposição de conquistas e estilos de vida idealizados. Essa vitrine, embora possa inspirar, frequentemente gera um terreno fértil para comparações nocivas, levando muitos a perseguir objetivos que não são intrinsecamente seus. Chrystina Barros adverte sobre o perigo de desejar “ser igual àquela foto, àquele lançamento, àquela pessoa que conseguiu um milhão de seguidores de um dia para o outro”. Essa busca por validação externa, baseada em narrativas muitas vezes incompletas ou fabricadas, é uma das principais armadilhas para a frustração.

O perigo das comparações e a ilusão do sucesso instantâneo

A imagem de sucesso projetada nas plataformas digitais raramente reflete a totalidade do esforço, os desafios superados e os bastidores de uma jornada. O que parece ser um triunfo instantâneo é, na maioria das vezes, o resultado de um longo e árduo processo. Ao nos espelharmos em métricas superficiais, como curtidas ou seguidores, sem compreender a verdade por trás dessas histórias, corremos o risco de nos submeter a uma pressão desnecessária e de traçar metas inatingíveis para nossa própria realidade. A especialista enfatiza que essa idealização pode desviar o foco do crescimento pessoal e da construção de objetivos significativos, gerando um ciclo de insatisfação. A verdadeira realização reside na autenticidade e na celebração do próprio progresso, independentemente da validação externa.

Aprendendo com o passado para um futuro realista

Um elemento crucial para um planejamento eficaz é a capacidade de olhar para trás e extrair aprendizados das experiências vividas. A não revisão do passado, com seus acertos e erros, pode nos condenar a repetir padrões de frustração. Barros destaca que “se a gente não revisita o passado para aprender, se cai na pressão dos outros, estamos com quase muito mais do que a metade do caminho andado para se frustrar novamente e partir, de novo, para um tempo irreal”. É fundamental analisar o que funcionou e o que não funcionou, quais metas foram alcançadas e quais foram abandonadas, e por quê. Essa autoanálise permite identificar tendências, compreender limitações e ajustar a rota para o futuro. Ao fazer isso, o indivíduo se capacita a estabelecer objetivos que são genuinamente alcançáveis e que ressoam com suas capacidades e desejos, evitando cair na armadilha de expectativas alheias ou irrealistas.

Construindo um planejamento de metas autêntico e sustentável

Estabelecer metas é um passo importante para dar direção à vida, mas a forma como essas metas são concebidas e gerenciadas determina o sucesso e o bem-estar ao longo do processo. Um planejamento autêntico requer uma avaliação sincera das próprias capacidades, da rotina e dos recursos disponíveis. Não se trata apenas de definir o “o quê”, mas principalmente o “como” e o “porquê”, sempre com um olhar voltado para a sustentabilidade emocional e prática.

A arte de definir metas realistas para a vida cotidiana

A base de um planejamento de sucesso reside na formulação de metas realistas, que se encaixem na “rotina da vida real”. A questão central, segundo a especialista, é perguntar: “o que eu posso fazer hoje?”. Isso significa decompor grandes aspirações em ações menores e gerenciáveis, que sejam possíveis de integrar no dia a dia. Uma meta ambiciosa, se não for dividida em etapas concretas e viáveis, pode parecer esmagadora e levar ao abandono. Por exemplo, em vez de “ler 50 livros este ano”, a meta pode ser “ler 10 páginas por dia”. Essa abordagem não apenas torna o objetivo mais tangível, mas também cria um senso de progresso contínuo, que alimenta a motivação e a disciplina. É essencial que as metas sejam flexíveis, permitindo ajustes conforme as circunstâncias mudam, e que a obrigação seja consigo mesmo, não com as expectativas externas.

O valor terapêutico da escrita manual na concretização de objetivos

Em um mundo predominantemente digital, resgatar o hábito de escrever em papel emerge como uma ferramenta poderosa para a concretização de objetivos. Chrystina Barros recomenda ter “um papel, um caderninho que todo dia a gente escreva uma coisa boa que aconteceu”. Para as metas, o ato de escrever com caneta envolve uma descarga neural que mobiliza o cérebro, o braço, os dedos e a mão de uma forma diferente da digitação. Esse processo físico estimula um pensamento mais profundo e intencional, solidificando a intenção e o comprometimento. Ao contrário da rapidez e da superficialidade muitas vezes associadas à interação digital, a escrita manual força uma pausa, uma reflexão e uma formulação mais cuidadosa. A especialista sugere revisitar essas anotações mensalmente para “ver se eu dei algum passo concreto em direção ao que eu quero”, o que “ajuda a renovar a energia sempre”. Essa prática não só mantém as metas vivas na mente, mas também permite celebrar o progresso e ajustar o curso conforme necessário, fortalecendo a conexão pessoal com o propósito.

O balanço emocional e a prática da autocompaixão

Além de planejar o futuro, é crucial fazer um balanço do presente e do passado, reconhecendo as experiências positivas do dia a dia. O cérebro humano, por sua natureza protetora, tende a focar nas experiências negativas para evitar sofrimento futuro, o que muitas vezes nos impede de valorizar as coisas boas que acontecem. “A gente perde a oportunidade de reconhecer o tanto de coisa boa que nos acontece no dia a dia, perde, principalmente, o momento de recuperar fôlego”, explica Barros. Explorar e reconhecer esses momentos positivos fortalece a resiliência e permite encarar desafios com uma perspectiva de aprendizado, minimizando o impacto emocional.

É igualmente importante permitir-se sentir tristeza e frustração quando as metas não são atingidas. A autocompaixão é fundamental nesse processo. Frustrar-se por um objetivo que talvez nem fizesse sentido para o indivíduo é uma realidade comum. Nesses momentos, a especialista aconselha a “se permitir ficar triste também” e, a partir daí, “pensar mais realista”. Dobrar a aposta após uma frustração pode levar a uma dupla decepção. Em vez disso, é preciso se permitir sentir, reavaliar e replanejar com gentileza e sabedoria, sem a pressão de ter que compensar o que não deu certo. Esse processo de aceitação e reorientação é vital para um ciclo de metas mais saudável e produtivo.

Conclusão: Rumo a um bem-estar autêntico e duradouro

Em suma, a formulação de metas para o novo ano deve ser um exercício de autoconhecimento e planejamento realista, distante das pressões e comparações superficiais do ambiente externo. Priorizar objetivos pessoais e alcançáveis, valorizar a reflexão e a escrita manual, e cultivar a autocompaixão são pilares para um caminho de bem-estar e realização autêntica. Permita-se traçar uma jornada que ressoe com sua própria essência, celebrando cada passo e aprendendo com cada desafio.

Perguntas frequentes sobre metas e bem-estar

Q1: Como posso evitar a pressão das redes sociais ao definir minhas metas?
R1: Concentre-se em sua própria jornada e valores. Lembre-se de que o conteúdo das redes sociais é frequentemente editado e idealizado, não refletindo a realidade completa. Defina metas baseadas no que é importante e alcançável para você, e não no que os outros parecem estar fazendo.

Q2: Por que é tão importante escrever as metas em papel em vez de digitá-las?
R2: A escrita manual envolve um processo cognitivo mais profundo e uma conexão física que reforça o comprometimento e a clareza. Diferente da digitação, o ato de escrever à mão estimula uma reflexão mais intencional e cria um registro tangível que pode ser revisitado para renovar a energia e acompanhar o progresso.

Q3: O que fazer quando me sinto frustrado por não ter atingido uma meta?
R3: Primeiro, permita-se sentir a frustração, reconhecendo que é uma emoção válida. Pratique a autocompaixão e evite se culpar. Em seguida, analise a meta de forma realista: ela era de fato alcançável? Alinhava-se aos seus valores? Use a experiência como aprendizado, replaneje com mais sabedoria e gentileza, focando em passos menores e mais realistas para o futuro.

Reflita sobre suas próprias metas e comece hoje mesmo a construir um caminho mais autêntico para o seu bem-estar.

Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br

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