Não julgue o candidato ou candidata apenas pelo jingle

 Não julgue o candidato ou candidata apenas pelo jingle
Compartilhe essa matéria

Da janela de casa ouço diferentes jingles, as famosas músicas de campanha, de candidatos e candidatas pedindo voto. Ouço gritos de vizinhos mandando o carro ir para lugares longínquos e típicos de quem já está com os “nervos à flor da pele”, como “vá para o raio que o parta”. Em um dos grupos que faço parte no WhatsApp, até circulo uma lista com nomes dos candidatos que mais passaram por aqui com seus carros. Como o “Picolé”, que no começo até achei que era o carro do sorvete.

Sei que esses carros perturbam, pois muitos passam com o som desregulado, volume nas alturas e músicas de gosto duvidoso. Mas tenham calma, pois tudo acaba no dia 15 de novembro. Ao menos a parte das musiquinhas no ouvido de domingo a domingo, das 8h às 22h.

Como o foco de parte dos eleitores está nos jingles que mais perturbaram o sono no domingo de folga, o cenário pós-eleição pode ser pior. O resultado das urnas pode garantir a eleição de pessoas com propostas faraônicas, vazias ou até a ausência delas. Algo que pode tirar, de fato, o sono de centenas de pessoas por muito mais tempo que os jingles que rodaram pelas ruas nos últimos dias.

A preocupação exagerada com as músicas esvazia o debate mais importante do momento: saber quais são as propostas que tais candidat@s têm para solucionar os problemas na saúde, educação, segurança, geração de emprego e renda em um cenário pós-pandemia. Problemas que podem ser ampliados em 2021 pela falta de recursos no caixa da prefeitura, demora no repasse de emendas parlamentares dos governos Estadual e Federal e dificuldade no financiamento de obras de saneamento básico, habitação, entre outras, necessárias para solucionar aqueles problemas cotidianos que não sumirão por meio de mágica, mais sim, por uma ação mais participativa de cada um no debate das propostas.

Temos poucos dias para escolhermos os representantes municipais. Pode parecer pouco tempo para tomar uma decisão tão importante, mas é o tempo que te resta para pesquisar os candidat@s que desejam ocupar a cadeira do poder executivo municipal e as cadeiras do poder legislativo municipal, as suas propostas, e indagá-los pelas redes sociais ou em seus compromissos de campanha sobre o futuro da cidade.

Como o tempo é curto, para facilitar na busca pelo candidato, você pode estabelecer filtros: ideologia política, partido, não reeleger quem tem mandato, ficha limpa, mulheres, mandato coletivo, entre outros.

O exercício do voto em uma democracia vai além de julgar o candidat@ pelo gosto duvidoso do jingle. É a oportunidade que temos para debater ideia se escolher, por meio do voto, as pessoas que vão nos representar para solucionar os problemas do cotidiano e desenvolver ações que visem o bem comum em uma cidade.

Ainda restam alguns dias para não julgar um candidat@ pelo jingle e pensar um pouco mais no que realmente você quer para os próximos quatro anos.

Carro de som – reprodução da internet

*Jornalista, mestrando em Comunicação pela UMESP, especialista em Ciência Política Contemporânea e pós-graduado em Poder Legislativo e Democracia no Brasil pela EPCMSP. Integrante do Grupo de Pesquisa Jornalismo Humanitário e Media Interventions (HumanizaCom).

0 Reviews

Relacionados