Machismo Estrutural: Oculto e terrível

 Machismo Estrutural: Oculto e terrível
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A opressão caricatural reduziu-se. Mas mulheres seguem discriminadas em posições de liderança ou forçadas a ser “como eles”.

Constantemente ouvimos afirmações como mulher não sabe dirigir ou mulher não se dá bem com questões financeiras. Essas falas nos acompanham desde a infância e, por isso, crescemos com esses conceitos enraizados.

Mas, uma afirmação machista não coloca as mesmas premissas para homens e mulheres, ou seja, reforça a desigualdade entre os gêneros. Podem ser falas que diminuem aspectos tidos como femininos como isso é coisa de mulherzinha ou fala que nem homem ou conceitos que generalizam as mulheres e são repetidos sem nenhum fundamento, como lugar de mulher é na cozinha ou mulheres precisam escolher entre a carreira e o casamento.

Crescer ouvindo frases de cunho machista gera uma série de consequências negativas para as mulheres na vida adulta, como falta de confiança e síndrome da impostora. Isso faz com que a gente se torne menos vigilante em relação a dinâmicas abusivas. A violência se torna natural, faz com que de alguma forma passemos a acreditar na necessidade da validação do outro para ser aceito.

Por isso é de extrema importância que se desconstrua não só as falas machistas, mas as que perpetuam estereótipos xenófobos, racistas e homofóbicos. Não é porque o machismo é estrutural que não tem nada que possamos fazer, pelo contrário é possível desenvolver uma comunicação ativa, que ajude a combater o machismo.

Muitas vezes o discurso é velado e o machismo aparece de forma sutil

Por isso, é preciso estar atenta para identificar as insinuações. Por exemplo, quando um chefe pede a sua opinião numa reunião de trabalho e fala coisas como porque agora tem que ouvir as mulheres para tudo, ou e aí, Fulana, você acha que as mulheres vão se interessar por isso? Identificá-las é o primeiro passo para combater a violência.

Tais insinuações nos remetem ao desconforto e afetam o nosso desempenho no trabalho, nos sentimos menores e na maioria das vezes achamos que a culpa e nossa pelo tratamento inferiorizado. Nos Estados Unidos, por exemplo, um chefe ou recrutador de empresa não pode perguntar a idade de uma profissional e nem se ela tem ou pretende ter filhos, a prática ainda é recorrente no Brasil.

Para transfigurar esse cenário são necessárias mudanças estruturais na forma de pensar e agir da sociedade em geral. Não se comunicar de maneira violenta é a forma ideal de mostrar que você não se está satisfeita com o modo com que um interlocutor se comunica. No ambiente de trabalho, nenhuma cultura organizacional deve tolerar um ambiente tóxico, que prejudique o desempenho das profissionais mulheres.

Mas, é importante ressaltar que mulheres também podem fazer afirmações machistas, entenda se as suas falas não estão reproduzindo estereótipos de gênero e fique atenta para eliminar essas expressões do vocabulário. Como? Da mesma forma com que você identifica o machismo na fala de um interlocutor questionando se a declaração se aplica da mesma forma a homens e mulheres.

Por último, mas não menos importante não deixe que insinuações machistas calem o que você tem a dizer, continue falando e se expressando. Essas microviolências vão tirando a nossa coragem. Se te interromperem, retome a fala e siga combatendo o machismo pouco a pouco, principalmente no ambiente corporativo. Dessa forma a gente consegue ir mais longe.

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