Dia da Consciência Humana

 Dia da Consciência Humana
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Por Renata Abreu

Nelson Mandela (1918-2013), ex-presidente da África do Sul, foi um dos líderes mundiais que mais lutou contra a segregação racial. Em sua autobiografia, escreveu: “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, sua origem ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar”.

Magistral, né? E ele tem razão! O racismo começa na infância, e é na infância que temos de construir o respeito às pessoas. A Educação tem papel importantíssimo nisso. Não me refiro apenas ao papel das escolas, mas também ao papel dos pais. O aprendizado sobre respeitar e amar todas as pessoas começa no âmbito doméstico e se estende no ambiente escolar.

Infelizmente, a segregação socioeconômica e o preconceito racial ainda estão muitos presentes não só na sociedade brasileira como também nos Estados Unidos e em tantos outros países. Vira e mexe nos deparamos com casos chocantes dessa intolerância criminosa.

Em maio de 2020, o mundo viu o fim trágico do negro George Floyd, que morreu sufocado sob o joelho do policial branco Derek Chauvin em Minneapolis (EUA). A cena, filmada por pedestres, gerou uma onda global de indignação e protestos contra o racismo.

Aqui, no Brasil, também no ano passado, véspera do Dia da Consciência Negra, João Alberto Silveira Freitas, negro, foi morto por asfixia por dois seguranças de um supermercado em Porto Alegre, que permaneceram por mais de cinco minutos sobre seu corpo atirado no chão.

Não podemos encarar como normal ouvir a torcida nos campos de futebol chamando jogadores de ‘macacos’ por causa da sua raça. Nem meninas e adolescentes negras maltratadas por causa do cabelo pixaim. Jovens intimidados por causa de sua cor. Uma pessoa negra ser proibida de entrar no elevador social ou ser revistada ao sair do shopping. E pais negros dizendo a seus filhos para entrar e sair de lojas ou supermercados sempre com as mãos à mostra. Triste, muito triste tudo isso!

O racismo é histórico no Brasil e ainda muito presente, não dá para esconder. Ele machuca quem olha a sociedade de maneira plural, mas dói muito em quem sente isso todos os dias. Só quem sente sabe o que é. Racismo não é vitimismo nem mimimi! Racismo é crime. Precisamos dar voz a quem sofre!

Esse é o nosso grande desafio. Não bastam apenas políticas públicas de inclusão ou a tipificação da injúria racial como crime (que acaba de ser aprovada pelo Senado) se a sociedade não mudar. Em pleno século 21, não dá mais para aceitar que seres humanos olhem a cor da pele, o lugar onde nascemos e a religião que abraçamos para diferenciar uns dos outros.

Mudar essa triste realidade depende de cada um de nós. Que hoje seja o primeiro de muitos e muitos dias da Consciência Humana. O Brasil, mestiço por natureza, clama pela paz e harmonia.

Renata Abreu é presidente nacional do Podemos e deputada federal por São Paulo

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