Combater à violência contra a imprensa é um dever de todos

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Os últimos dias foram movimentados para os jornalistas que fazem a cobertura da pauta política: pedido de demissão do ex-ministro do meio ambiente Ricardo Salles, CPI da Covid-19, irmãos Miranda relatando possível indício de corrupção na compra de vacinas pelo Governo Federal, possível envolvimento do líder do governo na Câmara dos Deputados Federais na tentativa de compra da vacina indiana Covaxin, suspensão da compra da Covaxin, prorrogação do auxílio emergencial, superpedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro, entre outros temas políticos. Apesar da importância dos temas, quero falar sobre a necessidade de apoiarmos o combate à violência aos jornalistas no Brasil.

O Brasil nunca foi um país fácil para o trabalho da imprensa, porém nos últimos anos os casos de violência contra jornalistas e veículos ficaram ainda mais evidentes.

Segundos dados da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), no ano passado, 428 casos de violência foram registrados contra jornalistas no país. Entre eles, o presidente da república, Jair Bolsonaro (sem partido), respondeu por 175 registros de violência contra a categoria (40,89% do total de 428 casos): 145 ataques genéricos e generalizados a veículos de comunicação e a jornalistas, 26 casos de agressões verbais, um de ameaça direta a jornalistas, uma ameaça à Globo e dois ataques à FENAJ.

A postura do presidente não mudou em 2021, pois nas últimas dias junho, ele agrediu verbalmente três jornalistas mulheres durante o exercício da profissão, ou seja, por questioná-lo sobre os atos do Governo Federal na pandemia de Covid-19. As vítimas foram as jornalistas: Daniela Lima, da CNN Brasil; Laurene Santos, da TV Vanguarda e Victória Abel, da Rádio CBN.

Uma triste estatística que o presidente alimenta, e que de alguma forma incentiva auxiliares e correligionários a também adotarem a violência contra jornalistas como prática recorrente. Como observamos em atos de rua pró-Bolsonaro, quando os jornalistas Pedro Duran, da CNN Brasil e Clarissa Oliveira, da Band TV foram agredidos por manifestantes que apoiam o governo.

Diante do recorrente destempero e do aparente empenho do presidente Jair Bolsonaro em descredibilizar a imprensa que segue fazendo todas as perguntas necessárias para esclarecer as dúvidas da sociedade, infelizmente, não acredito que o presidente tenha uma postura diferente nos próximos seis meses de 2021.

Em meio a esses recorrentes casos de violência, o brasileiro precisa repudiar a postura do presidente, apoiar as entidades de classe e cobrar uma atitude respeitosa do presidente da república Jair Bolsonaro com a nossa imprensa.

O apoio à imprensa significa defender a democracia e o direito de todo brasileiro ter acesso à informação de forma plural sobre o que acontece em qualquer governo. Uma defesa fundamental em qualquer democracia, e na brasileira não pode ser diferente.

Marcelo Damasceno – é jornalista, especialista em ciência política contemporânea e mestrando em comunicação social e integrante do Grupo e Pesquisa HumanizaCom.

Imagem: SJSP

 

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