Agenda Cultural traz exposição de Clarice Lispector e mais. Confira!

 Agenda Cultural traz exposição de Clarice Lispector e mais. Confira!
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Quem nunca se embalou pela obra de uma das mais importantes escritoras brasileiras que atire a primeira pedra! Com seu inconfundível estilo intimista repleto de descrições psicológicas e epifanias, você certamente em meio a reflexões cotidianas deve ter citado ou publicado em alguma rede social os pensamentos da escritora.

O estilo de Clarice Lispector é inconfundível. Suas personagens, geralmente mulheres, vivenciam situações cotidianas e, na banalidade do dia a dia, passam por diversos conflitos psicológicos. Conhecido como intimista, o modo como Lispector escreve consegue penetrar por profundos e complexos pensamentos e conflitos nas personagens. As descrições psicológicas são, portanto, a sua marca. Além disso, em geral, nas narrativas da escritora ocorre a epifania, uma espécie de revelação com a qual a personagem passa a compreender algo novo sobre si ou sobre a realidade. Normalmente, as epifanias acontecem após acontecimentos corriqueiros.

E para celebrar a obra e o legado da escritora Clarice Lispector, o Instituto Moreira Salles (IMS) exibe uma exposição com trabalhos de artes visuais, além de outros 300 itens, incluindo manuscritos, fotografias, cartas, discos e matérias de imprensa, entre outros documentos, do acervo pessoal da literata.

A exposição Constelação Clarice contará também com obras de 26 artistas visuais mulheres, que atuaram na mesma época de Clarice, entre as décadas de 1940 e 1970. No conjunto, há trabalhos de Maria Martins, Mira Schendel, Fayga Ostrower, Lygia Clark, Letícia Parente, Djanira Celeida Tostes, entre outras.

Nome fundamental da literatura nacional, Clarice também nutria grande interesse pelas artes visuais. Nesse aspecto nos interrogamos sobre quais conexões, seriam estabelecidas entre a produção textual de Clarice e as obras de mulheres que, no mesmo período, marcaram a história da arte brasileira.

E para criar essas interlocuções foi adotado o conceito de constelação. Onze núcleos apresentam obras em diversos suportes, criadas pelas artistas citadas acima, nas quais são apresentadas esculturas, pinturas, desenhos, fotografias e vídeos que dialogam com trechos de textos de Clarice, formando uma teia de novos significados.

Na entrada da mostra, o público encontra a escultura Calendário da eternidade, da artista Maria Martins, que também participa da exposição com outros trabalhos. Uma singular história da arte brasileira é assim conjugada no feminino, com obras que só o universo literário de Clarice permite reunir, propondo uma teia de relações capaz de gerar novas e surpreendentes leituras recíprocas.

A mostra, que tem a curadoria do poeta Eucanaã Ferraz, consultor de literatura do IMS, e da escritora e crítica de arte Veronica Stigger, investiga a obra poética da escritora Clarice Lispector (1920-1977), identificando temas e recursos estéticos presentes em sua produção. Ocupando dois andares do IMS Paulista, a exposição celebra a obra e o legado de Clarice, cujo centenário foi comemorado no ano passado.

De formato circular, a obra remete à ideia de continuidade, tema presente na produção de Clarice. Em seguida, são exibidas 18 pinturas de autoria da própria escritora, produzidas entre 1975 e 1976, sem pretensão profissional.

Paralelamente à mostra será lançado um catálogo com textos críticos de especialistas na obra de Clarice, como Alexandre Nodari, Carlos Mendes de Sousa, Evando Nascimento, João Camillo Penna, José Miguel Wisnik, Nádia Battella Gotlib, Paulo Gurgel Valente, Yudith Rosenbaum e Vilma Arêas. A publicação estará à venda na Livraria IMS por Travessa, localizada no centro cultural.

 

Quem foi Clarice Lispector?

Nascida em Chechelnyk, na Ucrânia, em 1920, a escritora veio para o Brasil quando criança de colo, ao lado da família judaica que fugia do extremismo da Primeira Guerra Mundial.

Como ela mesmo ressaltava, tornou-se brasileira através de vivências em Maceió, Recife e Rio de Janeiro, onde se tornou mãe, jornalista e única mulher da redação do Jornal do Brasil, na época um dos principais jornais brasileiros com sede na capital fluminense. Lispector é autora de mais de 18 livros, sendo reconhecida, mesmo após sua morte, como um dos principais nomes da literatura brasileira no mundo.

As obras mais conhecidas dela são “A hora da estrela” (1977), que virou filme em 1985, com direção de Susana Amaral e participação da atriz Fernando Montenegro, “A paixão segundo G.H”, lançado em 1964, ano em que a ditadura militar se consolidou no Brasil, e Laços de família (1960) e “Felicidade Clandestina” (1971), onde a escritora mergulha no universo dos contos. “Meus livros, felizmente, não são superlotados de fatos, e sim da repercussão dos fatos no indivíduo, não escrevo para fora, escrevo para dentro”, dizia. Foto: Instituto Moreira Sales (IMS) / Divulgação

 

Exposição Constelação Clarice:

Em cartaz até fevereiro de 2022

Onde: Instituto Moreira Sales (IMS) – Avenida Paulista, 2424 – São Paulo

Galerias 1 e 2 – 6º e 7º andar
A entrada é gratuita, com agendamento prévio pelo site do IMS

De terça a sexta, 12h às 19h

Sábados, domingos e feriados, 10h às 19h

 

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