A erradicação do analfabetismo garante inclusão social e o exercício pleno da cidadania

 A erradicação do analfabetismo garante inclusão social e o exercício pleno da cidadania
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Tenho mais de 30 anos de docência, muito me orgulho em ter contribuído na formação de milhares de alunos na região metropolitana do estado de São Paulo. E nesse período, um dos momentos que mais me recordo é quando atuei como professora na alfabetização de crianças e adultos.

Ensinar crianças e adultos o alfabeto, juntar sílabas, formar frases e ler é dar liberdade e autonomia às pessoas, pois a alfabetização é o pilar fundamental para o desenvolvimento de todos em uma sociedade. Quando não alfabetizamos as nossas crianças e adultos, excluímos pessoas do acesso às informações básicas e dos seus direitos.

No Brasil, segundo a mais recente pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 6,6% da população com 15 anos ou mais são consideradas analfabetas e não conseguem formular nem pequenos textos. Os dados do IBGE (2020) mostram que do Oiapoque (AP) ao Chuí (RS) ainda temos 11 milhões de pessoas que não sabem ler e escrever, ou seja, sem acesso à informação e aos seus direitos. Um índice de analfabetismo alto que merece mais atenção do poder público.

O índice teve uma discreta melhora, saindo de 6,8%, em 2018, para 6,6%, em 2019, uma diminuição que representa aproximadamente 200 mil pessoas. O que torna ainda mais importante a união dos poderes públicos, políticos, educadores e pesquisadores para que conjuntamente possamos atender as metas do Plano Nacional de Educação (PNE), Lei 13.005/2014, que estabelece o que deve ser feito para melhorar a educação no país até 2024, desde o ensino infantil até a pós-graduação.

Dedicação

É preciso dedicar total atenção à erradicação do analfabetismo, não apenas para garantir a cada brasileiro as competências e habilidades da escrita e leitura, mas também para que todos possam avançar politicamente em uma democracia e economicamente na sociedade, além de combater a exclusão social e cultural, impostas às crianças que não têm acesso à educação ou dos adultos que deixam os estudos para trabalhar e garantir a segurança alimentar da sua família.

Vivemos em um país que ainda pode e deve gerar oportunidades para todos, mas se não olharmos com responsabilidade solidária para as 11 milhões de pessoas que não sabem ler e escrever, não garantimos a elas as condições necessárias para conquistar a ascensão social desejada. Se não houver uma união para atingir todas as metas do PNE até 2024, manteremos, injustamente, milhões de brasileiros sem a inclusão social merecida.

Temos muito trabalho para garantir que toda pessoa tenha acesso a uma educação de qualidade, e, por isso, convoco a todos, para que neste mês de setembro, quando celebramos o Dia Internacional da Alfabetização, assumamos o compromisso de trabalhar para erradicar o analfabetismo no Brasil. E fazer valer o que diz a Declaração Universal dos Direitos Humanos: “a alfabetização é um direito humano fundamental.”

O empenho desta professora em trabalhar pela alfabetização de crianças e adultos ainda segue o mesmo, pois sem acesso à educação de qualidade, não há desenvolvimento, não há como uma pessoa no presente e no futuro exercer a plena cidadania.

Professora Sônia mora em Carapicuíba (SP), é graduada em história e especialista em geografia, foi vereadora em Carapicuíba entre 2008 e 2016, secretária municipal da habitação em Itapevi e coordenou os PATs do Governo do Estado de São Paulo.

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